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30 de outubro de 2017
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4 de dezembro de 2018

Big Data

O termo Big Data é utilizado para definir conjuntos de dados que, pela sua dimensão e complexidade, tornam as habituais ferramentas de processamento de dados ineficientes. Talvez a frase de Eric Schmidt, antigo CEO Google, permita uma imagem mais clara da dimensão desta avalanche de dados: “Every two days, we create as much information as we did from the dawn of civilization up until 2003”. Estes conjuntos de dados são gerados a todo o momento por diversos sistemas, sensores e dispositivos móveis. São o produto de múltiplas fontes e caracterizam-se pela sua dimensão, velocidade a que são criados e diversidade. O Big Data coloca novos e significativos desafios no armazenamento, gestão e análise de informação. No entanto, esta nova era está também repleta de oportunidades para transformar os processos de criação de riqueza e os níveis de produtividade. O impacto do Big Data é tão profundo e significativo que o World Economic Forum o considera uma nova classe de ativo econômico, semelhante ao capital humano e aos recursos naturais, como o petróleo e o ouro. As oportunidades criadas pelo Big Data têm o potencial para transformar os níveis de riqueza e competitividade de estados, organizações e indivíduos.

Começa a ser claro que a capacidade de alavancar o negócio com base nos dados gerados pela atividade terá um papel decisivo no futuro de muitas empresas, nos mais diversos setores de atividade. A necessidade de aumentar a produtividade, racionalizar processos e inovar, quer em termos de produtos quer em termos de processos e modelos de negócio, obrigará a mobilizar os recursos informacionais e a promover um processo de decisão baseado em fatos e evidências. Muitos executivos já reconheceram o potencial desta ideia, de transformar os dados num ativo central das organizações modernas, e o Big Data está no topo das suas agendas. Estes gestores tentam posicionar as suas organizações de forma a se beneficiar deste novo ativo econômico. Diversos estudos e pesquisas têm evidenciado a importância que os líderes empresariais atribuem a este fenômeno e a expectativa que possa ser o catalisador de maiores níveis de produtividade e rentabilidade.

Uma das promessas centrais do Big Data relaciona-se com a possibilidade de, através da exploração e análise dos dados gerados pela organização, conhecer melhor o negócio em todas as suas vertentes. Conhecer melhor os clientes, e por essa via ser capaz de os atender de forma mais adequada e relevante. Conhecer melhor a cadeia de fornecimento, e por essa via simplificar e racionalizar os processos de interação com fornecedores, garantindo eficácias e parcerias mais rentáveis para ambas as partes. Conhecer melhor a própria operação e funcionamento da organização, e por essa via reduzir ineficiências e custos permitindo uma operação mais rentável e robusta. Finalmente, um melhor conhecimento de todas as vertentes do negócio também potenciará a capacidade de inovação, quer na criação de novos produtos, quer na criação de novos processos, quer ainda no desenvolvimento de novos modelos de negócio.

O Big Data permitirá uma nova abordagem à gestão, uma gestão mais próxima do modelo do método científico. Uma gestão menos baseada na intuição e mais baseada na experimentação e na análise rigorosa dos resultados. A verdade é que com o nível de detalhe informacional proporcionado por este tipo de tecnologia será possível fazer, de forma contínua, experiências que permitem compreender quais as novas soluções com viabilidade e quais as soluções que deverão ser abandonadas. Na verdade, este é o tipo de experimentação que hoje em dia já é feito em empresas, como a Amazon ou a Google, que todos os dias testam novos produtos, promoções ou peças comunicacionais junto de pequenos subconjuntos de clientes de forma a testar a sua viabilidade. Esta nova abordagem tem inúmeras vantagens, entre as quais destacaria a redução de custos na implementação de novos produtos e processos, a incorporação dos processos de inovação na atividade diária da empresa, a redução do risco associado à implementação da inovação (uma vez que os testes são realizados com subconjuntos de clientes, reduzindo significativamente o impacto de resultados negativos) e uma orientação pragmática para os resultados.

Se considerarmos o contexto de um país como Portugal, caracterizado por baixos níveis de produtividade, poucos recursos naturais e exaurido financeiramente, o Big Data pode ser uma oportunidade de ouro para promover o crescimento e o desenvolvimento. É certo que há investimentos a fazer, no entanto, grande parte do sucesso tem mais que ver com transformações organizacionais e culturais do que com a capacidade de investimento. A principal transformação relaciona-se com a cultura e com a vontade de abraçar uma estratégia de gestão baseada nos fatos e nas evidências, normalmente designada “data-driven”, onde o processo de decisão é ancorado na excelência da análise dos recursos informacionais. Para isso é necessário, antes de mais, acreditar que mais e melhor informação permitirá ascender a um novo patamar de desempenho. Depois, é necessário ser consistente com essa convicção e tratar a informação gerada pela atividade como um verdadeiro ativo empresarial, investindo na tecnologia, mas principalmente, nas práticas organizacionais adequadas e nos recursos humanos necessários. Finalmente, é necessário mobilizar toda a organização para a importância de um processo de decisão mais pragmático, mais fundamentado nas evidências e na observação dos fatos.

 

Dr. Fernando Bação, professor associado at ISEGI-UNL Nova IMS, Universidade de Lisboa, Consultor e membro da equipe MHYanaze

 

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